sexta-feira, 6 de julho de 2007

De hábitos e alimentos


Havia balões no ar. Sei, a frase lembra um dos versos da canção "Olha pro céu", de José Fernandes e Luiz Gonzaga, de 1951, mas não é dela que estou falando. Falo da Praça da Igreja Matriz de Paraty. Repleta de balões, bonecos gigantes como os de Olinda, em Pernambuco, e árvores, muitas árvores com livros pendurados tais como frutos maduros à espera da colheita. E eles estão sendo colhidos, sim!

Adultos, adolescentes, crianças. Quem quer que passe não resiste. Pára, olha, estica a mão e se apropria dele. E é para ser assim. Consumo imediato. Ou não. A Praça está ali, com tudo isso. Parte de uma das delícias desta Festa: a Flipinha. O nome dá a pista. Seu público são os 'inhos', os chicos, as crianças. Público em formação, que curte cada surpresa preparada para elas.

É uma correria só... Para onde se olhe há menino correndo, lendo, brincando. Escolas inteiras param aqui. Os alunos participam de oficinas de leitura. Reiventam estórias, criam as suas próprias. Há momentos em que os professores e monitores não dão qualquer orientação. É quando eles ouvem, atentos e empolgados, as histórias, desta vez com H, dos autores que se ocupam deles.

Sim, digo isto porque concordo, inteiramente, com a professora de literatura Flávia Suassuna. Semana passada, ela me disse o seguinte: "Não acho que existam livros infantis. Não há idade para ler qualquer livro. Você, simplesmente, o lê e compreende o que for possível. Mais tarde, ao lê-lo de novo, o mesmo livro será um novo livro". Precisa comentários?! Bárbaro.

Ainda estou encantado com o que vi. Aquele mundo de crianças e adolescentes descobrindo um mundo novo em páginas e brincadeiras que despertam o interesse pela literatura. Uma história que conheço bem. Começa meio como quem não quer nada. Torna-se hábito e, quando você se dá conta, ler já é uma necessidade. Então, Livro será alimento.

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