sábado, 7 de julho de 2007

Imagens e autores


A exposição O Lugar do Escritor, na galeria Zoom, em Paraty, é uma visita interessante para descansar os ouvidos das discussões literárias e dar atenção a uma outra visão sobre escritores e palavras.

O fotógrafo Éder Chiodetto reuniu imagens de escritores brasileiros em seus locais de trabalho - a única que se recusou a posar onde costuma escrever foi a cearense Rachel de Queiroz. "No meu escritório ninguém entra, quanto mais um fotógrafo. Ali é o santuário da gente, não é lugar para as pessoas ficarem circulando. Além disso, é muito bagunçado", justificou-se.

As fotos são acompanhadas por trechos dos depoimentos que os autores deram a Chiodetto e que, junto com as fotos, compõem o livro, editado pela Cosac & Naif. Um dos depoimentos mais interessantes é o do escritor paulista José Paulo Paes.

Ele diz: A tradução é uma bendita torre de Babel. Leio e escrevo grego antigo, dinamarquês... Mas não as falo, não conheço as pronúncias. Na verdade, sou surdo mudo em oito línguas".

O pernambucano João Cabral de Melo Neto aparece quase em close, deixando entrever a camisa de seu pijama. "Estou cego, não escrevo mais. Para escrever preciso ver. Não leio, não consigo escrever também. Sou um ex-escritor", lamenta.

A título de reforço

Quem tem a chance de estar em Paraty não pode perder, hoje, a leitura dramática de Um Beijo no Asfalto, às 22h, com direção de Bia Lessa.

Confira:

Poucos se lembram, mas Nelson Rodrigues foi ator. Viveu o Tio Raul, de sua peça “Perdoa-me por me traíres”, por dez dias no Municipal do Rio. Não ameaçou Laurence Olivier, mas saiu da experiência achando que “o engano milenar do teatro é que fez o palco um espaço exclusivo de atores e atrizes”. De olho nisso, a diretora Bia Lessa fará na FLIP uma leitura da peça rodrigueana “O beijo no asfalto” com autores no lugar de atores. São ficcionistas, ensaístas, importantes estudiosos de Nelson. Com vocês, Adriana Armony, André Sant’Anna, Angela Leite Lopes, Carlito Azevedo, Chacal, Flora Süssekind, Jorge Mautner, Liz Calder, Miguel Rio Branco, Nelson Motta, Sergio Sant’Anna, Silviano Santiago, Suzana Macedo e Veronica Stigger. A banda “Os ritmistas”, formada por três bateristas, fará intervenções para valorizar a musicalidade dos diálogos e intensidade das cenas.

Que esses frutos rendam muitos e muitos leitores


É triste, porém verdadeiro


Os desenhos de Roberto Rodrigues enfeitam diversos ambientes da Flip mas, infelizmente, não há reproduções à venda.


Vale a foto, então.


Paisagens de Paraty (3)


Paisagens de Paraty (2)


Paisagens de Paraty (1)


O guardião da Bela

Na Praça da Matriz, como já dissemos, personagens da Literatura mundial enfeitam o ambiente, que é, em sua maioria, ocupado pelas crianças entretidas em ler os livros pendurados nas árvores.


Encontramos a Bela Adormecida por lá:






E também um guardião mais que fiel:



Cinema na Flip


Dentro da programação da mostra de cinema que a Flip preparou, um dos cartazes deste sábado é o filme Vestido de Noiva, dirigido por Joffre Rodrigues, filho mais velho do homenageado da Festa de Paraty deste ano.

A peça homônima de Nelson sofreu alterações para ser adaptada para a telona. "A peça de papai é não-linear, o que, para mim, não funcioaria no cinema. A primeira cena da peça é o atropelamento de Alaíde, uma das personagens principais, e a partir daí só temos sua memória e seu delírio. No meu filme, ela tem umas cinco ou seis cenas antes do atropelamento", explica Joffre.

A apresentação do filme acontece às 17h40, na Casa de Cultura de Paraty. Após a exibição, o diretor conversa com a platéia.

Bom dia com Kellogs

Olá, pessoal

Acordamos há pouco e estamos nos preparando para mais um dia de trabalho. Hoje começaremos na estrada, para fazer umas imagens gerais de Paraty e também da estrada que traz à cidade.

Vamos indo, vamos indo.

Sem Jabor

A mesa Nelson Rodrigues - Ato 3, programada para este sábado, não vai mais contar com a presença do jornalista e cineasta Arnaldo Jabor, que dividiria as atenções da platéia junto com o artista plástico Nuno Ramos e a professora de Literatura Leyla Perrone-Moyses.

Jabor entrou em contato com a organização da Flip, alegando que ganhará um neto neste sábado e, portanto, não poderá estar em Paraty. No seu lugar, vem o jornalista e produtor musical Nelson Motta - que já estava escalado para participar da Festa, na leitura dramática de Um Beijo no Asfalto, sábado, às 22h.

Mesas do sábado - Completo

Mesa 11 – 10h
NELSON RODRIGUES ATO 3 - Nelson Motta, Leyla Perrone-Moisés e Nuno Ramos
Nuno Ramos é um artista plástico que virou escritor, dos melhores. Leyla Perrone-Moisés é professora de literatura e ensaísta, das melhores. Nuno e Leyla escreveram instigantes ensaios sobre o dramaturgo. Nesta mesa, reunimos os três personagens em busca de um autor.

Mesa 12 – 11h45
DOIS LADOS DO BALCÃO - César Aira e Silviano Santiago
Os talentos criativos exigidos pela ficção são distintos das faculdades analíticas necessárias ao ensaísta. Poucos autores conseguem ser igualmente bem sucedidos nesses dois âmbitos. César Aira, o mais importante romancista argentino, é reconhecido também por sua crítica apurada em obras como o respeitado Diccionario de autores latinoamericanos. O destacado ensaísta e crítico literário brasileiro Silviano Santiago conseguiu impor-se igualmente como ficcionista, por conta de narrativas imaginativas como em Em liberdade. No palco, discutirão de que maneira ficção e ensaio se sobrepõem e fecundam um ao outro.

Mesa 13 – 15h
PERDOA-ME POR ME TRAÍRES - Alan Pauls e Maria Rita Kehl
Com seu prestigiado romance O passado, o escritor Alan Pauls usa o desencantamento de um casal para fazer um inventário das doenças contemporâneas do amor, com todos os seus egocentrismos e consumismos sentimentais. “Existe alguma diferença entre o amor e a doença?”, pergunta Pauls. A FLIP buscou a pessoa certa para responder à revelação da literatura latino-americana. A psicanalista Maria Rita Kehl entende como poucos de amor e de desamor, de doenças contemporâneas e, não menos importante, de literatura.

Mesa 14 - 17h
NARRATIVAS DE CONFLITO - Lawrence Wright e Robert Fisk
Para Ernest Hemingway, coragem é não perder a elegância mesmo sob pressão. Os dois convidados desta mesa traduzem essa idéia com perfeição. Poucos jornalistas em atividade enfrentaram desafios tão grandes com tamanha elegância. Robert Fisk, correspondente do jornal britânico “The Independent” no Oriente Médio e autor de A grande guerra pela civilização e de Pobre nação, ambos trabalhos de fôlego lançados recentemente no Brasil, demonstrará isso em conversa com o jornalista Lawrence Wright, cujo livro O vulto das torres, ganhador do Prêmio Pulitzer deste ano, revela de modo brilhante as raízes dos trágicos eventos de 11 de setembro.

Mesa 15 – 19h
DIÁRIO DE UM ANO RUIM - J.M. Coetzee
O ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2003 marcará presença na FLIP deste ano, trazendo, em première mundial, trechos de seu próximo livro, Diary of a Bad Year. Na obra de Coetzee, as fronteiras entre a narrativa ficcional e o discurso ensaístico nem sempre estão bem definidas. Em Parati, o autor lerá fragmentos de ensaios escritos pelo protagonista de seu novo romance, um velho acadêmico australiano que expressa suas opiniões sobre assuntos mundiais contemporâneos.

Mesa 16 – 22h
UM BEIJO NO ASFALTO - Vários Autores
Poucos se lembram, mas Nelson Rodrigues foi ator. Viveu o Tio Raul, de sua peça “Perdoa-me por me traíres”, por dez dias no Municipal do Rio. Não ameaçou Laurence Olivier, mas saiu da experiência achando que “o engano milenar do teatro é que fez o palco um espaço exclusivo de atores e atrizes”. De olho nisso, a diretora Bia Lessa fará na FLIP uma leitura da peça rodrigueana “O beijo no asfalto” com autores no lugar de atores. São ficcionistas, ensaístas, importantes estudiosos de Nelson. Com vocês, Adriana Armony, André Sant’Anna, Angela Leite Lopes, Carlito Azevedo, Chacal, Flora Süssekind, Jorge Mautner, Liz Calder, Miguel Rio Branco, Nelson Motta, Sergio Sant’Anna, Silviano Santiago, Suzana Macedo e Veronica Stigger. A banda “Os ritmistas”, formada por três bateristas, fará intervenções para valorizar a musicalidade dos diálogos e intensidade das cenas.