Contando com a colaboração dos leitores, mais um post dedicado às frases inesquecíveis de Nelson Rodrigues:
* Naquele momento instalou-se em mim uma certeza para sempre: a Opinião Pública é uma doente mental.
* A verdadeira apoteose é a vaia. Os admiradores corrompem.
* O trágico na amizade é o dilacerado abismo da convivência.
* Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante.
* O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca.
* Só há uma tosse admissível: a nossa.
* Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma.
* Nada nos humilha mais do que a coragem alheia.
* Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.
* Morder é tara? Tara é não morder!
* Todo tímido é candidato a um crime sexual.
* Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar.
* O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro.
* O amigo é um momento de eternidade.
* O asmático é o único que não trai.
* No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.
* A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relações com o passado ficam alteradas.
* Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.
* Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.
* Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.
* Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.
* O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: - dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses.
* Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.
* Toda coerência é, no mínimo, suspeita.
* A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: - o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.
* Amar é ser fiel a quem nos trai.
* Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.
* Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.
* Deus está nas coincidências.
* Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhores que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.
* O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: — o da imaturidade.
* Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas.
* O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa nenhuma. Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.
* Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.
* Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos, aumenta o desgaste da nossa delicadeza.
* Em nosso século, o "grande homem" pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta.
* O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.
* Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento. É uma ressentida contra si mesma.
* Chegou às redações a notícia da minha morte. E os bons colegas trataram de fazer a notícia. Se é verdade o que de mim disseram os necrológios, com a generosa abundância de todos os necrológios, sou de fato um bom sujeito.
* A solidão começou para o verdadeiro católico. Tomem nota: — ainda seremos o maior povo ex-católico do mundo.
* O casamento já é indissolúvel na véspera.
* A educação sexual só devia ser dada por um veterinário.
* Os padres querem casar. Mas quem trai um celibato de 2 mil anos há de trair um casamento em quinze dias.
* As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado.
* Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos.
* Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura.
* Sou um pobre nato e, repito, um pobre vocacional. Ainda hoje o luxo, a ostentação, a jóia, me confundem e me ofendem.
* O povo é um débil mental. Digo isso sem nenhuma crueldade. Foi sempre assim e assim será, eternamente.
* Clarice Lispector pergunta: - Você se sente um homem só?
Nelson Rodrigues responde: - Do ponto de vista amoroso, encontrei Lúcia. A grande, perfeita solidão exige uma companhia ideal.
* Naquele momento instalou-se em mim uma certeza para sempre: a Opinião Pública é uma doente mental.
* A verdadeira apoteose é a vaia. Os admiradores corrompem.
* O trágico na amizade é o dilacerado abismo da convivência.
* Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante.
* O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca.
* Só há uma tosse admissível: a nossa.
* Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma.
* Nada nos humilha mais do que a coragem alheia.
* Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.
* Morder é tara? Tara é não morder!
* Todo tímido é candidato a um crime sexual.
* Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar.
* O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro.
* O amigo é um momento de eternidade.
* O asmático é o único que não trai.
* No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.
* A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relações com o passado ficam alteradas.
* Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.
* Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.
* Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.
* Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.
* O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: - dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses.
* Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.
* Toda coerência é, no mínimo, suspeita.
* A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: - o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.
* Amar é ser fiel a quem nos trai.
* Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.
* Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.
* Deus está nas coincidências.
* Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhores que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.
* O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: — o da imaturidade.
* Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas.
* O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa nenhuma. Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.
* Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.
* Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos, aumenta o desgaste da nossa delicadeza.
* Em nosso século, o "grande homem" pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta.
* O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.
* Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento. É uma ressentida contra si mesma.
* Chegou às redações a notícia da minha morte. E os bons colegas trataram de fazer a notícia. Se é verdade o que de mim disseram os necrológios, com a generosa abundância de todos os necrológios, sou de fato um bom sujeito.
* A solidão começou para o verdadeiro católico. Tomem nota: — ainda seremos o maior povo ex-católico do mundo.
* O casamento já é indissolúvel na véspera.
* A educação sexual só devia ser dada por um veterinário.
* Os padres querem casar. Mas quem trai um celibato de 2 mil anos há de trair um casamento em quinze dias.
* As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado.
* Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos.
* Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura.
* Sou um pobre nato e, repito, um pobre vocacional. Ainda hoje o luxo, a ostentação, a jóia, me confundem e me ofendem.
* O povo é um débil mental. Digo isso sem nenhuma crueldade. Foi sempre assim e assim será, eternamente.
* Clarice Lispector pergunta: - Você se sente um homem só?
Nelson Rodrigues responde: - Do ponto de vista amoroso, encontrei Lúcia. A grande, perfeita solidão exige uma companhia ideal.
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