sexta-feira, 6 de julho de 2007

Uma audiência surreal

Foi nesses termos que Paulo César de Araújo definiu a audiência de conciliação entre ele, a direção da editora Planeta, os advogados de Roberto Carlos e o próprio cantor, a respeito do livro que Paulo César escreveu sobre o artista - Roberto Carlos em Detalhes.

Esse foi o principal tema da conversa entre o autor e os biógrafos Ruy Castro e Fernando Morais, na mesa A Vida como Ela Foi, na Flip. "Se dependesse de todos os que estavam naquela sala, eu não poderia estar aqui conversando com vocês", disse Paulo César, ao começar a contar as bizarrices vividas no fórum da Barra Funda, em São Paulo.

Vamos a elas, pois:

* Os advogados de Roberto Carlos pediram ao juiz que incluísse no documento final da conciliação a seguinte medida: que o senhor Paulo César não dê nunca mais declarações sobre o livro.

* Paulo César chiou: "Isso é um absurdo. Eu vou passar o resto dos meus dias falando desse livro, que foi meu trabalho durante 15 anos".

* Nova investida dos advogados: que o senhor Paulo César não fale nunca mais da vida pessoal de Roberto Carlos.

* Nova chiadeira do autor: "Roberto Carlos é um compositor que tem uma obra autobiográfica, sua vida está em várias de suas músicas. Falar do trabalho dele é falar da vida dele e eu vou passar o resto dos meus dias falando desse livro".

* Os advogados não desistiram: que o senhor Paulo César não fale nunca mais da vida íntima de Roberto Carlos, o que o juiz finalmente acatou.

* Mais bizarrices: o juiz Técio Pires, antes do início da audiência, entregou a Roberto Carlos um CD feito por ele mesmo que, além do Direito, tem pretensões de uma carreira artística (e até o nome já existe: T. Lopes). Os promotores também se comportaram como fãs, tirando fotos ao lado do cantor.

* Durante duas horas, promotores, advogados e o juiz discutiram a logística do caso, para decidir qual das partes se responsabilizaria pelo transporte dos livros que estavam no estoque da Planeta.

* Paulo César de Araújo foi acusado de invasão de privacidade e crime material - em nenhum momento, Roberto Carlos questionou a veracidade das informações contidas no livro. A acusação de invasão de privacidade é discutível, uma vez que a maioria dos dados colocados pelo autor na obra já eram de conhecimento público. Agora a de crime material tem uma explicação incrível dada pelos advogados de RC: o compositor tinha o projeto de escrever uma biografia e a obra de Paulo César tirou o ineditismo da coisa, comprometendo as possíveis vendas que o livro escrito pelo "Rei" poderia ter, causando um prejuízo ao ínfimo patrimônio que o cantor já acumulou ao longo de sua carreira.

* Os advogados de Roberto Carlos informaram à Justiça o endereço de um outro Paulo César de Araújo, um homônimo do autor do livro - foi o primeiro nome encontrado na Telelista, segundo informa o escritor. Toda a correspondência - intimações inclusive - foi enviada para esse outro cidadão, que está processando Roberto Carlos por constrangimento ilegal.

* Outro detalhe incluído a pedido dos advogados de RC no documento final da conciliação foi a obrigação da editora Planeta de restituir o cantor caso ele encontre um exemplar do livro à venda. Os advogados de Roberto Carlos podem comprar esse livro e mandar a conta para a editora pagar.

E ainda chamam esse homem de Rei...

Um comentário:

Anônimo disse...

Rei morto, rei posto. Depois da chuva de mesquinharias e atitudes vis por parte de RC no que se refere à publicação da biografia, mtos fãs do cantor e compositor certamente passaram a olhá-lo com bem menos encanto e admiração.