Platéia lotada, público se esparramando pelas escadas, todo mundo queria ver a leitura dramática de Um Beijo no Asfalto, uma das mais emblemáticas peças de Nelson Rodrigues.
A diretora Bia Lessa preparou os autores - sim, porque autores que participaram da Flip 2007 ou que foram convidados pela organização da Festa viveram os tipos criados pelo dramaturgo pernambucano para a sua tragédia carioca em três atos.
Uma foto de Miguel Rio Branco mostrando uma cadela atropelada servia de cenário à Tenda dos Autores. No canto esquerdo do palco, o trio Os ritmistas, formado por três percussionistas, executava uma espécie de trilha sonora ao vivo, fazendo também interferências nas falas dos personagens e recitando frases de Nelson. O músico Jorge Mautner, escalado para a peça, também ajudou com seu famoso violino.
Mautner vive o delegado Cunha que, junto com o jornalista Amado Ribeiro (personificado em toda a sua canalhice por um excelente Silviano Santiago), publicam a bombástica manchete Um Beijo no Asfalto: um homem atropelado por um lotação cai no meio da rua da Carioca e pede um beijo a Arandir, que viu o acidente.
Pelas mãos de Cunha e Ribeiro, a história se transforma: na verdade, atropelado e testemunha têm um caso e o que se viu foi um beijo homossexual. Além disso, não foi um mero atropelamento. Arandir teria empurrado o amante em via pública, era homicídio, como não?
A história se desenrola no trabalho de Arandir (Nelson Motta), que passa a ser alvo de piadinhas dos colegas, e também na casa dele, onde a mulher (Flora Süssekind), a cunhada (Verônica Stigger) e o sogro (Sérgio Sant’Anna) ora crêem, ora não crêem na versão publicada pelo jornal.
Em paralelo a toda confusão, como convém a um bom Nelson Rodrigues, há um interesse entre pai e filha, cunhada e cunhado... Mas a revelação fica para o final - e não sou eu que vou contar para vocês.
O bom de uma feira de literatura é isso: a vontade - e a necessidade - de comprar livros cresce exponencialmente. Pois então: comprem Um Beijo no Asfalto.
domingo, 8 de julho de 2007
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Um comentário:
Ui, proposta, viu! Mas a contar apenas com a minha imaginação, o resultado deve ter ficado interessante.
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