segunda-feira, 9 de julho de 2007

Na companhia das palavras

Que livro você levaria para uma ilha deserta? A última mesa da Flip 2007 convidou oito autores a responder a seguinte questão: que livro você levaria para uma ilha deserta? J.M. Coetzee, Nadine Gordimer, Rodrigo Fresán, Jim Dodge, Amós Oz, Nuno Ramos, Ahdaf Soueif e Verônica Stigger não se fizeram de rogados e, além de dizer e explicar porque escolheram tal livro, também leram pequenos trechos das obras selecionadas.

“Para começar, escolhi a musa dessa Flip, Nadine Gordimer”, anunciou o diretor de programação da Festa, Cassiano Elek Machado. Ela leu trechos do livro Formigueiros do Cerrado, do nigeriano Chinua Achebe. “Ele é africano, mas escreve de uma forma universal e descreve o que é ser humano”, justificou.

Amós Oz leu trechos da obra que definiu como uma história silenciosa: Simple Story, de S. Agnon. “Gosto da ironia, do calor e da aparente simplicidade do conto. E gosto também pela empatia, pela compaixão e pela atitude subversiva entre religião e classe burguesa”, disse o israelense.

O crime do professor de matemática, de Clarice Lispector, foi lido por Nuno Ramos. “Gosto dessa passagem súbita da questão quase banal à pesadíssima na obra de Clarice. Meu sentimento de mundo se sente em casa quando leio esse texto”, definiu.

Por ter sido o livro que leu mais vezes sem naufragar, Rodrigo Fresán escolheu Matadouro 5, de Kurt Vonnegut. “Achei que seria justo com o escritor invocar o seu fantasma na Flip”, disse o autor argentino, se referindo a morte do escritor norte-americano, ano passado.

“Para fazer minha escolha, pensei na situação real: quando eu chegaria na ilha? Estaria sozinha? E pensei que seria interessante levar um livro que lidasse com algo da essência humana”, disse a egípcia Ahdaf Soueif, que optou por ler poesias de Canções Egípcias, de autor desconhecido.

O conto Diante da lei, de Franz Kafka, foi o eleito de Verônica Stigger. “Leio insistentemente esse conto que depois integrou O Processo e fico sempre na dúvida se entendi ou não”, justificou Verônica.

“Tenho me encontrado em ilhas e achei esses ensinamentos claros e simples. Mas pode ser uma blasfêmia ler essa poesia num festival de literatura”, justificou o norte-americano Jim Dodge, ao ler trechos do clássico chinês Tao Te Ching, de Lao-Tse.

O atual objeto de estudo de J.M. Coetzee também foi sua escolha na mesa da Flip: Molloy, de Samuel Becket. O sul-africano questiona o surpreendente fluxo da narrativa escrita pelo irlandês, jáno prese que tudo acontece nte, diante do leitor. “Como é possível escrever um romance com atores que não vêm de lugar algum, que não tem memória?”, indagou Coetzee.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tudo dependeria da situação que me levaria até a tal ilha deserta. Se fosse para desafios como o Survivor, optaria pela Coleção do Escoteiro Mirim; embarcando a dois, o Kama Sutra; como retiro espiritual, uma compilação da Bíblia e do Livro dos Espíritos; e a depender do humor, a coleção de roteiros de Lost e Robinson Crusoé...

Anônimo disse...

Sim, também carregaria com muito gosto todas as crônicas e livros e peças de Nélson Rodrigues e mais Cem Anos de Solidão...