quarta-feira, 4 de julho de 2007

O belo exemplo do Instituto Náutico Paraty

O Instituto Náutico Paraty, que promoveu a regata de abertura da Feira, existe há sete anos e dá aula para crianças que vivem na periferia da cidade - a única exigência para ser aluno é comprovar a freqüência na escola regular.

A turma que competiu hoje está estudando há um ano e meio. "A gente ensina como montar e desmontar os barcos, fazer manutenção, limpar tudo, mas tem outras coisas, como trabalho em grupo, respeito aos outros, obediência à hierarquia. E também tem um aprendizado que muitas vezes eles não conseguem ter na escola. Eles precisam saber física, geografia, matemática para poder velejar", explica Júnior Rameck, presidente do Instituto.

Para ele, essa oportunidade pode ser um caminho para o futuro desses meninos, que têm idade entre 6 e 16 anos. "A gente tá formando mão-de-obra, fazemos um banco de dados de tripulantes que poderão trabalhar em outras regatas. Aqui em Paraty, por exemplo, há cinco anos só havia 300 barcos, hoje são quase 2 mil. Tudo isso é mercado de trabalho pra esses meninos", diz Rameck.

As aulas no Instituto acontecem sempre aos sábados, das 11h às 17h, graças ao trabalho de cinco voluntários. Uma delas é a argentina Susana Arregin, que está em Paraty há quatro anos.
"Sempre trabalhei com náutica, mas não queria mais a vida na cidade grande. Então eu e meu marido decidimos vir para Paraty, sabendo que poderíamos continuar trabalhando com a mesma coisa aqui", diz ela.

Quando Susana começou a trabalhar no Instituto, havia cinco alunos - hoje são 52 e há lista de espera para os próximos cursos. "Esses meninos são filhos de caiçaras, e se um dia o peixe que os pais deles pescam acabar? Eles não tinham outras opções, mas agora estamos dando uma oportunidade", explica a voluntária.

Além do trabalho voluntário, o que mantém o Instituto são doações: barcos, peças e itens de segurança chegam às aulas através da doação ou do empréstimo feito por comerciantes e administradores das marinas.

As aulas começam no rio Perequê-Açu, para que os meninos tenham os primeiros contatos com os barcos. Depois de aproximadamente um mês, eles são levados pela primeira vez para velejar no mar. "Também fazemos acampamentos de surpresa. A gente pega os meninos, os pais deles e sai com todo mundo, velejando pela baía de Paraty. Aí a gente pára numa praia, todo mundo desce e ajuda a montar o acampamento, a preparar a comida, organiza tudo. É importante também para o aprendizado deles", defende Júnior Rameck.

"Nosso objetivo é ensiná-los a velejar e cultivar o esporte náutico, para que, daqui a alguns anos, eles nos sucedam. Mas, além da navegação, também ensinamos respeito e solidariedade. São coisas que eles vão poder levar para o resto da vida", assegura o presidente do Instituto Náutico Paraty.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente iniciativa. Bem que merecia ser copiada por outras localidades beira-mar, beira-rio, beira-canal como o Recife.